terça-feira, 31 de janeiro de 2012

História dos sentimentos

A base desta historinha, adaptada por Lya Luft, foi escrita por Martha Herzberg, uma terapeuta. Eu adoro essa história, além de ser bonita é também engraçadinha. Espero que vocês gostem

 
“Os sentimentos moravam em uma ilha e num dia inteiramente comum todos eles estavam reunidos fazendo coisas inteiramente comuns. Reuniram-se para brincar e depois que o tédio bocejou várias vezes porque a indecisão não conseguia decidir nada e a desconfiança estava desconfiada demais para ajudá-la a tomar qualquer decisão. A loucura sugeriu que eles brincassem de esconde-esconde. A curiosidade quis saber todos os minuciosos detalhes da brincadeira e a intriga começou a cochichar com os outros que com certeza alguém ali pretendia trapacear na brincadeira. O entusiasmo saltou de alegria e convenceu a dúvida e a apatia, que ainda sentadas em um canto pensavam. A verdade achou que essa brincadeira de esconder não estava com nada, a arrogância fez cara de desdém, pois a idéia não havia sido dela. O medo preferiu não se arriscar e como já esperado perdeu a oportunidade de ser feliz. A primeira a se esconder foi a preguiça, deixando-se cair num canto atrás de um arbusto, que estava próximo. O otimismo escondeu-se no arco-íris, e a inveja se escondeu junto com a hipocrisia que sorrindo falsamente atrás de uma pedra estava odiando tudo aquilo. A generosidade quase  não conseguia se esconder porque era grande demais e ainda queria abrigar todo mundo em seu esconderijo, já a culpa ficou paralisada, pois já estava escondida em si mesma. A sensualidade se estendeu ao sol em um lugar bonito e secreto para poder saborear o que a vida lhe oferecia. O egoísmo achou um esconderijo perfeito, onde não cabia mais ninguém exceto ele. A mentira disse para a inocência que ia se esconder no fundo do oceano, onde a inocente acabou afogada, já a paixão se enfiou dentro de um vulcão e o esquecimento já não sabia mais o que eles estavam fazendo ali. Depois de contar até cem a loucura começou a procurar. Achou um depois o outro, mas ao remexer em um arbusto ouviu um gemido, era o amor, que estava com os olhos furados pelos espinhos. A loucura tomou o amor em seus braços e seguiu com ele, espalhando beleza pelo mundo. Desde então o amor é cego e a loucura o acompanha. Juntos eles fazem a vida valer a pena, mas isso não é uma coisa para medrosos nem para os apáticos, que perdem a felicidade no ermo dos preconceitos, aonde gritam a acomodação e o pânico.”

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